terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sobre os contistas


Após a leitura de alguns contos em sala de aula, apresentarei a vocês Carlos Drummond de Andrade, autor de Auto da cabra. Nascido em Itabira, interior de Minas Gerais, um dos temas mais recorrentes de sua obra era a saudade da infância. Interessante lembrar que aos 17 anos, foi expulso do colégio onde estudava. A filha Maria Julieta, sua grande companheira, casou-se com um escritor argentino e ajudou a divulgar no país vizinho a cultura brasileira. Ela morreu de câncer em 1987 e 12 dias depois, Drummond, vítima de complicação cardíaca. Drummond era mais conhecido por seus poemas:


Sentimental

Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!

- Estás sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando…
E há em todas as consciências, um cartaz amarelo:
“Nesse país é proibido sonhar.”


As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

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