Nosso tempo foi curto, não pude realizar algumas tarefas com vocês. Mesmo assim, foi possível selecionar alguns contos escritos por vocês para comporem o jornal Crux Australis.
Cliquem nas imagens a seguir para visualizar melhor.
Um feliz Natal, um ótimo ano novo e aproveitem as férias!
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
Vampiro adverso a jornalistas
O autor de Uma vela para Dario, Dalton Trevisan, é avesso a entrevistas e fotografias. Por viver enclausurado, recebeu o apelido de Vampiro de Curitiba, mesmo nome de um de seus livros, publicado em 1965. Nasceu e mora em Curitiba e virou um crítico da capital paranaense. A maior parte de seus personagens retrata mesquinharias cotidianas e as difíceis relações de pessoas do meio curitibano, tema esse que pode ser considerado universal.
"Assustada, a velha pula da cadeira, se debruça na cama:
- João. Fale comigo, João.
Geme lá no fundo, abre o olhinho vazio:
- Bruuuxa... diaaaba...
- Ai, que alívio. Graças a Deus."
"Assustada, a velha pula da cadeira, se debruça na cama:
- João. Fale comigo, João.
Geme lá no fundo, abre o olhinho vazio:
- Bruuuxa... diaaaba...
- Ai, que alívio. Graças a Deus."
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Intensa
Exprimir os sentimentos em palavras escritas não traduz lealmente o teor do anseio, há sempre algo que se perde. No entanto, Clarice Lispector, autora de Tentação, lido em sala de aula, foi uma das poucas pessoas a se aproximar mais da expressão da inquietude do ser humano. É como se ela conseguisse abrir a cabeça, tirar de lá o pensamento mais profundo e colocá-lo no papel. Não é por acaso que, mesmo tendo morrido em 1977, seu trabalho ainda causa surpresas para seus leitores, além de serem inúmeros os estudiosos de seus romances e contos.
"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."
Clarice Lispector
sábado, 27 de novembro de 2010
O boêmio caseiro
O texto preferido por muitos, A velha contrabandista, é de autoria do carioca Sérgio Porto, mais conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. O nome foi inspirado em um personagem da obra de Oswald de Andrade, Memórias de Serafim Ponte Preta. Morreu do coração em 1968 aos 45 anos e sua obra é sempre atual. Um exemplo? "A prosperidade de certos homens públicos no Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso de nosso subdesenvolvimento". O humor era sua marca registrada. Leia a seguir seu autorretrato:
Sérgio Porto, por ele mesmo, "Autorretrato do artista quando não tão jovem"
"ATIVIDADE PROFISSIONAL: Jornalista, radialista, televisista (o termo ainda não existe, mas a atividade dizem que sim), teatrólogo ora em recesso, humorista, publicista e bancário.
OUTRAS ATIVIDADES: Marido, pescador, colecionador de discos (só samba do bom e jazz tocado por negro, além de clássicos), ex-atleta, hoje cardíaco. Mania de limpar coisas tais como livros, discos, objetos de metal e cachimbos.
PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES: Mulher.
QUALIDADES PARADOXAIS: Boêmio que adora ficar em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.
PONTOS VULNERÁVEIS: Completa incapacidade para se deixar arrebatar por política. Jamais teve opinião formada sobre qualquer figurão da vida pública, quer nacional, quer estrangeira.
ÓDIOS INCONFESSOS: Puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.
PANACÉIAS CASEIRAS: Quando dói do umbigo para baixo: Elixir Paregórico. Do umbigo para cima: aspirina.
SUPERTIÇÕES INVENCÍVEIS: Nenhuma, a não ser em véspera de decisão de Copa do Mundo. Nessas ocasiões comparativamente qualquer pai-de-santo é um simples cético.
TENTAÇÕES IRRESISTÍVEIS: Passear na chuva, rir em horas impróprias, dizer ao ouvido de mulher besta que ela não tão boa quanto pensa.
MEDOS ABSURDOS: Qualquer inseto taludinho (de barata pra cima).
ORGULHO SECRETO: Faz ovo estrelado como Pelé faz gol. Aliás, é um bom cozinheiro no setor mais difícil da culinária: o trivial.
Assinado, Sérgio Porto, agosto de 1963."
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Aquele que nasceu homem e morreu menino
Outro autor mineiro cujo texto foi lido pelas turmas foi Fernando Sabino.O escritor tem como característica utilizar suas vivências em suas obras. O tom autobiográfico aparece no livro O menino no espelho e Encontro marcado. Sabino morreu em 2004 e a seguinte frase, a pedido dele, está em seu epitáfio: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".
O trecho abaixo lembra um pouco A fuga, conto lido na sala em que um menino resolve sair de casa sozinho depois que seu pai o manda parar de arrastar a cadeira pela sala:
"Levei seis anos de minha infância com um lenço enrolado no pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é verdade: a certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha mochila, encher de água o meu cantil e partir. Afinal de contas aprendi mesmo a seguir uma trilha, a estar sempre alerta, a ser sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro, sempre escoteiro". (Uma vez escoteiro, 1934).
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Sobre os contistas
Após a leitura de alguns contos em sala de aula, apresentarei a vocês Carlos Drummond de Andrade, autor de Auto da cabra. Nascido em Itabira, interior de Minas Gerais, um dos temas mais recorrentes de sua obra era a saudade da infância. Interessante lembrar que aos 17 anos, foi expulso do colégio onde estudava. A filha Maria Julieta, sua grande companheira, casou-se com um escritor argentino e ajudou a divulgar no país vizinho a cultura brasileira. Ela morreu de câncer em 1987 e 12 dias depois, Drummond, vítima de complicação cardíaca. Drummond era mais conhecido por seus poemas:
Sentimental
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contemplam
esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
- Estás sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando…
E há em todas as consciências, um cartaz amarelo:
“Nesse país é proibido sonhar.”
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
A mistura das culturas
A partir da leitura do texto O sumiço das línguas do mundo, publicado na revista Galileu e reproduzido no livro didático utilizado pelos alunos, foram apresentadas nas aulas palavras de origem indígena, africana e árabe que são utilizadas em nosso vocabulário.
Isso prova que a língua não é totalmente pura e sim uma vasta combinação de empréstimos de outros idiomas. Nos casos dos vocábulos indígenas e africanos, fica mais fácil de entendermos porque isso ocorreu, pois quando os portugueses vieram ao Brasil, entraram em contato com os índios que já habitavam nossas terras. Já dos africanos, que foram brutalmente trazidos para cá, também recebemos influências na língua. É bom ressaltar que eles também contribuíram em outras áreas como culinária, cultura, religião, entre outros.
Mas, no caso do árabe, temos que retroceder um pouco mais na cronologia. Bem antes de o Brasil ser descoberto, a Península Ibérica (formada por Portugal e Espanha) foi ocupada pelos muçulmanos a partir do ano de 711 e por lá ficaram por quase oitocentos anos. Foi daí que nossa língua recebeu importante contribuição em palavras como laranja, almoço, espinafre e almôndega.
Nas fotos abaixo, alguns exemplos da arquitetura árabe na Península Ibérica:
Nas fotos abaixo, alguns exemplos da arquitetura árabe na Península Ibérica:
Palácio de Alhambra, Granada (Espanha) |
Entrada para o Oratório de Aljafería |
Torre de Ouro, Sevilha (Espanha) |
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Poesia nunca é demais
Vinícius de Moraes estaria completando 97 anos hoje. Foi diplomata, poeta e compositor. Certamente alguma obra de Vinícius você conhece, nem que sejam as músicas infantis como A Casa: "Era uma casa muito engraçada/ Não tinha teto, não tinha nada (...)". Ou então Aquarela, música que compôs juntamente com Toquinho: "Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (...)".
Sua obra é imensa, tanto na criação individual, quanto nas parcerias, inclusive servindo de inspiração a outros artistas. A partir da adaptação da peça teatral Orfeu da Conceição, escrita por Vinícius, Marcel Camus dirigiu o filme Orfeu Negro, que levou o Oscar de melhor filme em 1960 e a Palma de Ouro em Cannes no ano anterior.
Soneto do amigo
Vinícius de Moraes
Soneto do amigo
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...
Vinícius de Moraes
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
O livro na palma da mão
Terminou ontem a primeira Bienal do Livro de Curitiba. Já era tempo de termos algo voltado para a Literatura deste porte. Infelizmente, como peguei as turmas no final do 3º bimestre, não pude programar com antecedência uma visita escolar.
Mas, ainda bem que temos livrarias, bibliotecas e sebos, então, nada de desculpas para não ler. Se você já se desanima ao ver um livro com muitas páginas, aí vai uma dica: livros pequeninos que não assustam ninguém. As obras estão completas, o único problema é para a visão, pois as letras são muito miúdas.
Nas fotos abaixo, um exemplar de O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry e Dom Casmurro de Machado de Assis aberto na página sobre o personagem José Dias.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Para começar
Este blog foi criado com o objetivo de utilizar as ferramentas da tecnologia a favor de uma maior divulgação do conhecimento. Já que a maioria dos meus alunos relatou gostar de ficar na internet, que tal dar uma passadinha por esse espaço, ler, refletir, criticar, comentar e sugerir mudanças? Xingar não vale, vocês já fazem isso em sala de aula. Respeito, hein?
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